sábado, 2 de janeiro de 2010

Entra em cena o comerciante!


Durante os séculos X a XII, toda a riqueza de nobres, guerreiros e da Igreja representava um grande capital estático. E por quê? Os feudos eram unidades autossuficientes, ou seja, tudo que fosse necessário para o cotidiano era produzido pelos próprios servos e, raramente, havia algum excedente de produção. Quando isso ocorria, era feito um intercâmbio de mercadorias no mercado semanal de uma cidade próxima, supervisionado pelos senhores.
Porém, esse comércio não era intenso devido a alguns fatores: a falta de necessidade de superprodução, a situação precária das estradas, os altos pedágios exigidos, o frequente ataque de saqueadores e, principalmente, as diferenças no sistema monetário de cada região, o que não possibilitava um comércio dinheiro-mercadoria-dinheiro, mas sim, uma troca mercadoria-mercadoria (escambo).

As Cruzadas, contudo, deram uma guinada nessa situação. Eram frequentemente acompanhadas por mercadores que tinham o objetivo de abastecer-lhes durante as expedições e, além disso, com o crescimento da população da época, as Cruzadas eram vistas como uma maneira de conquistar novos bens e terras.

A Igreja, com o objetivo de difundir a fé cristã por toda a Europa e adquirir mais regiões para os seus domínios, financiou muitas das expedições, passando ao mundo a imagem das Cruzadas como guerras santas, não de saques e pilhagens, o que eram na verdade.

De fato, as Cruzadas foram muito importantes. Estimularam um grande fluxo comercial na rota do Mar Mediterrâneo, o desenvolvimento de algumas cidades comerciais italianas como Gênova, Pisa e Veneza e um maior transporte de especiarias e tecidos orientais.

E foi assim, do encontro periódico de mercadores de toda a Europa, que surgiram as primeiras grandes feiras, onde eram comercializados desde produtos orientais até peles, couro, madeira e peixe. As feiras ocorriam em algumas províncias e eram bastante rentáveis aos senhores donos das provínicias pois estes recebiam bastantes riquezas dos comerciantes, como uma forma de pagamento do privilégio concedido.

O ponto mais importante desse desenvolvimento comercial foi o início de transações financeiras, onde os comerciantes trocavam dinheiro, faziam cartas de crédito, usavam moedas, faziam empréstimos e pagavam dívidas, dando uma grande mobilidade ao capital.

Assim, a partir do século XII, a economia passou da autossuficiência dos feudos para uma economia monetária de mercados quebrando os costumes feudais e dando lugar a uma nova sociedade comercial em evolução.

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